Abraçar o mar é permitir que a chuva se debruce sobre a pele do horizonte. Arriscar com os dedos toques leves no tecido das nuvens. Deitar sobre o chão como se fosse um colchão jogado no piso de casa. E, assim, meninos brincam com os pássaros a frente dos olhos. Jovens pescadores que lançam ao céu, espelho d`água, sementes de girassol. Acreditam que no fundo do oceano flores amarelas desabrochem ao nascer do dia e iluminem os olhos dos peixes. Estes meninos esperam ansiosos por aquilo que irão segurar com a força das próprias mãos. E, logo, no desejo seguinte, correm para casa e se jogam no colo da mãe para contar as inúmeras historias do dia. Satisfação de quem pisa à areia e as tem debaixo dos dedos dos pés. Homens caminham pela praia e sentem os palpites do coração. Sonham em serem tragados pelas águas do mar no instante de um sorriso. São pescadores. Sabem que a solidão avança sobre os barcos para se deitar ao lado deles. Estes senhores encostam-se no colo da noite e sonham suas histórias de vida.
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